MOTE
Dinheiro foge de mim
como se eu fosse o diabo
e leva o Amor pelo rabo
deixando-me só no fim
VOLTAS
Reconheço: não sei querer
e não sou determinado
pois falta-me ser amado
e sinto-me sempre a morrer.
Sem erros a absolver
eis-me no pico da dor
sem dinheiro nem amor.
Foge de mim o dinheiro
e, claro, estou sozinho
sem amigo nem vizinho
muito menos companheiro,
da má-sorte marinheiro
vou, à vela, derivando,
vou prostrado, vou chorando.
Foge, o dinheiro, de mim
como o diabo da Cruz,
deixando-me cego, sem luz,
a enfrentar o meu fim;
derrotado, ainda assim,
suportaria esta dor
tivera ao menos Amor.
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