O dr. Sampaio que passava a vida a dizer que era socialista e "não comento", cumpriu a sua presidência, numa palavra, vaidosamente. O que ele de facto sempre pareceu almejar acima de tudo é que a sua história ficasse limpinha, reluzente, imaculada. A sua história, o que dele dirão no futuro, estão a ver?
Quando, tarde e a más horas, deitou abaixo Santana Lopes, que de burro não tem nada apesar de ter protagonizado o discurso de tomada de posse mais caricato que alguma vês se viu a norte do Trópico de Câncer, Sampaio deve ter suspirado mais que nunca. Tal como eu e como Santana, também ele deve ter visto que estava a expôr o seu calcanhar de Aquiles. Dadas as circuntâncias em que a dissolução da Assembleia da República foi ordenada, Santana ficava naturalmente em posição de se vingar e da maneira que mais doeria a Sampaio: manchando a sua imaculada história.
Nesse alegre dia eu disse: Daqui a três meses pimba! um livro de Santana a dizer mal da Presidência de Sampaio. (Da sua Presidência, não de Sampaio. Isto é importante porque é acertar cirurgicamente no centro do alvo).
E cá está ele! O primeiro!, diga-se.
Tal como eu faria no seu lugar, Santana saberá manter a chama acesa e cobrará assim ad aeternum, maldosamente, ritmicamente, inteligentemente, o divino prazer ambicionado por Sampaio, como paga do que para ele não passou de um tropeção.
Acrescento que em troca da sua perversidade política (tudo se paga neste mundo) Santana terá de sofrer o síndrome do anonimato: serão poucos, demasiado poucos, os que verão a sua obra. E a cada dia que passe a vontade de gritar toda a profundidade da sua jogada aumentará, engordará e tornar-se-á um pesado fardo.
Ainda hoje li uma notícia sobre o pedido de indemnização de uns alunos a uma escola que os andou a enganar. Adivinham o que a direcção da escola diz? Com "Sampaio" como pista não é difícil: recusa-se a comentar.
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