Tuesday, February 13, 2007

Caso Esmeralda

justiça tendenciosaPrimeiro ler isto:
http://fyad.org/kt15



Não vejo isenção. Penso que este acórdão está escrito num tom tendencioso.
Para dizerem que um pai tem direito aos seus filhos e que a justiça não pode admitir rebeldias não era necessária tanta exaltação. Até a Defesa deve ter ficado um pouco embaraçada (se isso fosse possível para um advogado que ganha!).

Até se esqueceram de tratar da alínea e) da classificação do professor Antunes Varela. Mas houve cuidado em refazer as contas dos juros - o golpe final teatralmente simbólico.


A primeira vez que lhe mandaram entregar a menina ela 'só' estava com eles há 5 meses e tinha 1 ano. Não chocava ninguém a mudança. Mas 5 meses emocionais não são 5 meses de calendário. O casal viu-se incapaz de suportar a perda. Ao desobedecer, o sargento fez passar 4 anos. E agora a mudança é chocante ponto final e o desespero do pai biológico deve ser tremendo. (Ele imagina o que seria se... e isso ainda é pior.)
Foi ter conseguido gerar um ciclo que lhe é cada vez mais favorável a cada dia que passa que irritou os juizes. Mais do que a tentativa demagógica de disfarçar o natural e compreensível egoísmo com o politicamente correcto "superior interesse da criança". Muito mais do que a irredutível posição.

Estou tão curioso como qualquer outro em saber como se resolverá este caso e tão feliz como qualquer outro em saber que não sou eu que o tenho de solucionar. Mas se uma crítica a este acórdão vier a fazer parte desse, certamente desagradável, final então aceitá-lo-ei melhor. (Não pelas conclusões em si mas sim pelo tom, pela parcialidade, pela perda de compostura e profissionalismo).
E pelo português liceal em que é escrito.

Além de que, parece-me, os juizes deviam ter em consideração que num tribunal de júri o veredicto demorava 5 minutos.

A justiça não é aquela boneca ali de cima. A justiça, olhem bem para ela, é uma senhora.A Justiça

O que é pior para mim? Tirarem-me um filho ou negarem-me o sonho de outro? (Eu penso nos filhos que nunca terei)
Consigo responder. Tirarem-me um filho é pior.
A falta do que nunca se teve tem de ser menor do que a falta realmente sentida.
Parece uma boa solução mas não me conforma: é inaceitável tirar um filho ao pai.
(Ao contrário do que escorria das reportagens, o pai biológico parece sempre ter tido uma atitude normal ('normal' quer dizer 'igual à que eu teria'). Como é evidente precisou foi de ter a certeza de que era ele o pai).

Não gosto nem um bocadinho do Direito português mas 'eles' passam a vida a dizer que é dos melhores do mundo. Quero ver.

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