Primeiro, relembremos que a discussão e decisão do que é ou não é permitido – uma das questões fundamentais de qualquer sociedade – tem lugar antes do que aqui vamos discutir. Estamos portanto a analisar questões sobre as quais já se decidiu anteriormente. Supõe-se que essas decisões então tomadas e são do conhecimento do povo que putativamente as tomou. (Este é um dos grandes mitos da Democracia, já que em nenhum outro sistema há tanta ignorância sobre as decisões fundamentais...)
Relembremos então que o Estado português é laico (não está associado a nenhuma religião) e que neste país se defende a liberdade religiosa (cada um reza a quem quer). Confira. (Art. 41)
Agora o assunto: por herança, e com a naturalidade que advém de sermos quase todos católicos e pouco dados a discussões político-sociais, há crucifixos que continuam pregados nas paredes das escolas públicas. A discussão é se os devemos retirar ou não.
É bom que esta discussão aconteça porque se trata de resolver uma questão de coerência e isso é muito importante.
Aparentemente só existem duas soluções. A primeira, racional, baseia-se na Lei (nas tais decisões anteriormente tomadas) e diz, sem hesitar, “tirem-se”; a segunda baseia-se nos impulsos populares (nas decisões que seriam tomadas se fosse o povo a decidir) e diz “deixem-se lá ficar que não fazem mal a ninguém”.
Devo dizer que são ambas fracas soluções porque nenhuma delas considera as razões da outra.
Estou, é claro, em posição de partilhar uma terceira solução. Tomando tudo o que se disse atrás ela surge naturalmente e até se perfila como solução óptima.
Hei-la:
Não se devem impedir os símbolos religiosos nem nas escolas nem noutro lado qualquer. Pelo contrário: devem estabelecer-se locais discretos, específicos, para que quem deseje ali deponha os seus símbolos religiosos e lhes preste a veneração que entender.
Deus sabe que com o Ensino que temos é bem preciso rezar!
A discussão passará então para um nível banal (mas não menos interessante!), de resolver onde, como, de que tamanho, em que posição...
Sorrio a pensar nessas grandes discussões porque elas só serão grandes para quem as tiver, lá, na escola tal, e não afectarão em nada a coerência do Estado. Tal e qual as eleições para as Juntas de Freguesia: autênticas epopeias mas que não permitimos que afectem nada mais que os sítios onde têm lugar. Onde são geradas, são vividas, gozadas e arrumadas conforme os desejos e especificidade dos autores.
Termino axiomaticamente: A religião não só deve ser livre como deve ser encorajada.
Para quem não entende todas as implicações desta última frase, acrescento que desejo que os fundamentalistas adeptos do terrorismo adoptem uma religião que os leve a rezar ininterruptamente, capisce?
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P.S.: Agora vou googlar para ver se descubro o que é que aconteceu, já nem sei! :-)
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