Os cães rodearam-na, farejaram os sacos, mas sem convicção, como se já lhes tivesse passado a hora de comer, um deles lambe-lhe a cara, talvez desde pequeno tenha sido habituado a enxugar prantos. A mulher toca-lhe a cabeça, passa-lhe a mão pelo lombo encharcado, e o resto das lágrimas chora-as abraçada a ele.
Acabei de ouvir Saramago, o autor d'O Memorial do Convento, a dizer que ficaria feliz (lá onde quer que esteja depois de morrer?!) se fosse recordado pelo autor que criou a cena do cão que vem e lambe as lágrimas à mulher que chora no abandono do desespero, sentada num chão imundo.
Vale a pena anotar.
No comments:
Post a Comment
Exprima-se livremente!