Tuesday, February 10, 2009

41 % (2ª Ed.)

[28/03/2007]De manhã, enquanto me calçava, ouvi na TSF que a camarada Odete tinha andado a mostrar o sutiã - exaltada que tinha ficado com o resultado d' Os Grandes Portugueses.
"Ora aí está uma visão que dispenso!" - pensei - e fui logo ver na Internet o stream do programa.
Nada.
Andou à bofetada ao microfone, coitado que não tinha culpa, e via-se uma mancha preta no meio da camisa.
Eu sei lá se era o sutiã, o elástico das cuecas ou uma nódoa reveladora de alguma patanisca que, porventura, lhe tenha apetecido previamente?

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Fazendo uso dessa lusitaníssima instituição - que o MEC tão bem caracterizou num dos seus inteligentes artigos - que é o "já agora", não me calo sem dizer alguma coisa acerca do programa. (Às vezes os meus posts não têm a palavra "acerca", mas isso há de mudar!).
O melhor foi a História de Portugal em 7 min e 17 s. Mesmo assim ficou o caldo entornado pelo final em mau português: ".....que um dia tu também podes ser um grande português." Não está bem. ("Um dia, também tu poderás vir a ser ser um grande português."). Claro que assim se tem a certeza que todos os portugueses, os jovens em particular, entenderam. O mesmo não se poderia dizer se a frase fizesse uso da estranha e complicada palavra "poderás".

Os que pensam que o resultado é uma forma de protesto (uma teoria romântica que muitos defenderam apenas por se tratar de uma saída fácil) ou estão enganados, ou são maquiavélicos como os algozes da Inquisição que enrolavam até não haver maneira ou mais nada. Bem, no mínimo estão a insultar, se é que a palavra se adequa, e isso até não seja de louvar, as pessoas que votaram porque quiseram (que foram exactamente todas as 78 000 ou assim) no dito cujo. Algumas, muito poucas, terão, eventualmente, usado o voto como protesto. Mas nem Sócrates se importa ou acusa o toque, nem foi uma boa ideia.

Sobre o Infante, e apesar do recente livro do australiano que conta que os portugueses até da Austrália sabiam, continuam a acertar ao lado. Que era corajoso, no sentido de audaz comando a gritar "Gerónimo" perante o perigoso desconhecido, que não sabia onde se estava a meter, e tal. Vê-se bem a falta de espírito científico - que é tanta que nem sequer permite reconhecer espírito científico.
O Infante era metódico e estava preparado. Tinha mapas, tinha técnicos e tinha, sobretudo, a qualidade que sempre foi a distinção mais marcante na história da humanidade: a consciência das possibilidades. Tinha visão.
O Infante tinha a pretensão de fazer as coisas bem feitas (o seu lema era "Talent de bien faire") e desprezava todas essas qualidades primárias que lhe apontam. Em Portugal isso é um grande defeito, como o sei bem, porque se aprecia apenas a autoconfiança desmesurada - coisa que só se pode encontrar em ignorantes.

Mencionou-se que o fiasco do programa (acabou por ser uma invocação do retrógado ditador e não era nada disso que eles queriam) tem justificação no falhanço da Educação. Certo. (Nunca tivemos governante mais inconsequente que Guterres que tinha a infantilidade de acreditar nas pessoas - que nunca fizeram nada do que ele 'propôs', claro. Por cá tem de se mandar, bem alto e com chibata na mão.)

Gostei foi de ver confirmada uma das minhas ideias. A verdadeira força continua a ser a 'tribo', o 'grupo', o partido, a 'família', capice? Salazar tem os seus, Cunhal tem os seus e os amigos de Aristides jamais o deixarão esquecer - não, não foram pessoas que se deixaram tocar pelo seu feito que votaram nele, foram os da sua tribo adoptante. Daí já ser grande a diferença de votos.
Quem não tem grupo bem definido, népia.
A excepção é D. Afonso Henriques que sem grupo específico teve votação muito próxima de Aristides. Se excluirmos, então, os votos tendenciosos, é ele o vencedor.


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Darwin quando esteve no Brasil viu os portugueses: "os diminutos portugueses com os seus semblantes assassinos".

Book: Darwin, Francis ed. 1887. The life and letters of Charles Darwin, including an autobiographical chapter. vol. 1. London: John Murray. F1452.1

"I never saw any of the diminutive Portuguese, with their murderous countenances, without almost wishing for Brazil to follow the example of Hayti;"

PS: Esquecia-me. Falaram também no marquês e nas ruas 'paralelas' ou 'geométricas' ou lá o que foi. A grande engenharia, meus senhores, está na orientação das ruas. O próximo tsunami terá espaço para entrar e ir dissipando a sua energia mortífera. Tá?

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