“Junto ao Douro neste sitio aspero, aonde chamão as Letras, està huma grande lage com certas pinturas de negro, & vermelho escuro quasi emfórma de xadres, em dous quadros com certos riscos, & sinaes mal formados, que de tempo imemorial se conservão neste penhasco (…): os naturaes dizem, que estas pinturas se envelhecem humas, & se renovão outras, & que guarda esta pedra algum encantamento: porque querendo por vezes algumas pessoas examinar a cova, que se occulta debaixo, forão dentro mal tratadas, sem ver de quem”.
Ao fundo deste penedo havia uma entrada para uma gruta, cujo centro ainda ninguém se atreveu a investigar. Num relatório que António de Sousa Pinto e o reitor João Pinto de Moraes, mandaram à Academia Real das Ciências, consta que
“querendo um clerigo de Linhares examinal-a, sahiu d’ella mudo, não tornando a recobrar a falla, e nem por escripto disse o que lá dentro viu.
Já se não vê a tal gruta, mas vê-se o sitio onde, pelos annos 1705, entraram uns desconhecidos, com picões, alavancas e outros instrumentos, e convidando operarios do logar de Nogarêllo (aos quaes pagaram generosamente) para os ajudar, romperam a gruta, e consta que levaram uma grande cruz de prata e outros objectos de valor. Diz-se que no verão mana das fendas d’este rochedo um betume, semelhante a petroleo. Ao fundo do penedo, da parte que olha para o Douro, existe um portal, que parece obra da natureza, e dá entrada para uma grande sala, com assentos em redor, e no meio uma grande meza, tudo de pedra. N’esta sala ha uma porta, que provavelmente conduz a outras interiores, que ninguem tem querido examinar. Consta que o padre Domingos Mendes, na manhã de S. João, do anno de 1678, com sobrepeliz e estola, pretendeu penetrar n’estas concavidades, em busca de thesouros encantados; mas que, entrando na segunda sala, sentiu um cheiro tão pestilente, e teve tal medo, que fugiu tremendo, e ficou mentecapto o resto dos seus dias, que foram poucos. Também se diz que pouco depois de sahir d’este antro, lhe cahiram todos os dentes."
Ao fundo deste penedo havia uma entrada para uma gruta, cujo centro ainda ninguém se atreveu a investigar. Num relatório que António de Sousa Pinto e o reitor João Pinto de Moraes, mandaram à Academia Real das Ciências, consta que
“querendo um clerigo de Linhares examinal-a, sahiu d’ella mudo, não tornando a recobrar a falla, e nem por escripto disse o que lá dentro viu.
Já se não vê a tal gruta, mas vê-se o sitio onde, pelos annos 1705, entraram uns desconhecidos, com picões, alavancas e outros instrumentos, e convidando operarios do logar de Nogarêllo (aos quaes pagaram generosamente) para os ajudar, romperam a gruta, e consta que levaram uma grande cruz de prata e outros objectos de valor. Diz-se que no verão mana das fendas d’este rochedo um betume, semelhante a petroleo. Ao fundo do penedo, da parte que olha para o Douro, existe um portal, que parece obra da natureza, e dá entrada para uma grande sala, com assentos em redor, e no meio uma grande meza, tudo de pedra. N’esta sala ha uma porta, que provavelmente conduz a outras interiores, que ninguem tem querido examinar. Consta que o padre Domingos Mendes, na manhã de S. João, do anno de 1678, com sobrepeliz e estola, pretendeu penetrar n’estas concavidades, em busca de thesouros encantados; mas que, entrando na segunda sala, sentiu um cheiro tão pestilente, e teve tal medo, que fugiu tremendo, e ficou mentecapto o resto dos seus dias, que foram poucos. Também se diz que pouco depois de sahir d’este antro, lhe cahiram todos os dentes."
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