Tuesday, September 12, 2006

Amor de mãe Guiné 62

O facto de Bush 'falar com Deus' não é, em si mesmo, um problema(*). Mas levanta logo outro: com que Deus é que ele [está convencido que] fala? Isto é: qual é o Deus de Bush?

É que se for o mesmo que o de, sei lá, Gregorius, o Eleito, eu suspiro de alívio e vou dormir como um bebé.
Se for, em vez disso, com o Deus de Mário Soares que ele fala, aí é que me preocuparei. (As paredes não são tidas como grandes conselheiras. Não senhor.)


(*)Como se sabe, o que há mais é pessoas a tomar chá com Jesus Cristo, a tagarelar com a Virgem Maria, a conviver familiarmente com os mais variados santos e santas. Não consta que isso seja problemático de per si e pensar que desse agradável convívio possam nascer guerras ou outros conflitos graves, exige muito esforço, grande concentração e extrema criatividade.

O mundo de Mário Soares assusta-me. É um mundo de grandes ideais mas condenado inexoravelmente a laborar na mediocridade. (Eu digo que um idealista não deve lidar com a mediocridade. A perfeição não é de graça mas geralmente vale o preço. Nada de fazer concessões à mediocridade.) É um mundo de enganos, truques, de "adivinhas envoltas em mistérios, dentro de enigmas"; é um mundo onde o facto de se colocar a palavra "Deus" nas notas não é senão perversidade.
(Eu nem que visse a frase "confio em Deus" escrita no cu de uma puta, tinha engenho suficiente para expôr a perversidade. Era bem capaz de me comover! Sou bem inocente!
Afinal o que quererá dizer o "amor de mãe" nos braços lusitanos? Eu penso que seja um 'cofre' de humanidade, uma construção indestrutível de carinho, uma declaração de irredutabilidade, uma marcação dos limites da animalidade. Simples mau gosto decoracional aliado a grandes períodos de indolência. Por aí. Mas se calhar é só Freud e complexo de Édipo; homosexualidade latente ou coisa pior. Raios.)


Não foram os americanos que inventaram o dinheiro e muito menos foram eles que inventaram Deus. Os americanos inventaram, sim, novas maneiras de usar um e outro. E, para ser franco, apesar de tudo, por comparação, a maior parte dessas novas maneiras é melhor que as antigas.

Ah, já agora: http://www.ustreas.gov/education/fact-sheets/currency/in-god-we-trust.shtml

"Americanos" seriam os índios. "Americanos" quer dizer "emigrantes europeus".

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