Wednesday, May 31, 2006
Monday, May 29, 2006
Está certo
Miconazol é, naturalmente, um remédio para infecções vaginais.
Fluconazol e Cetoconazol, como os próprios nomes indicam, também.
Fluconazol e Cetoconazol, como os próprios nomes indicam, também.
Wednesday, May 24, 2006
Luandino Vieira
Recusar honrarias recheadas com 100 000 EUR, não é para todos, pois não?
Para já conquistou a minha profunda admiração. (Espero que ao descobrir as razões para essa decisão, não me desiluda).
Parabéns pelo prémio.
Muitos parabéns pela recusa!
Para já conquistou a minha profunda admiração. (Espero que ao descobrir as razões para essa decisão, não me desiluda).
Parabéns pelo prémio.
Muitos parabéns pela recusa!
Monday, May 22, 2006
Dicionário
Democracia: Sistema político no qual a autoridade e o poder são ardilosamente conquistados, ao povo, pelo Diabo.
Sunday, May 21, 2006
Saturday, May 20, 2006
Cansados
Freitas diz, no Público, de 6 de Maio de 2006, que está cansado de ser ministro.
Não é vulgar que se concorde com um ministro mas desta vez, estamos de acordo: toda a gente está cansada que Freitas seja ministro.
Errata (devida ao desmentido): Toda a gente, excepto ele mesmo, está cansada de Freitas ser ministro.
Não é vulgar que se concorde com um ministro mas desta vez, estamos de acordo: toda a gente está cansada que Freitas seja ministro.
Errata (devida ao desmentido): Toda a gente, excepto ele mesmo, está cansada de Freitas ser ministro.
Quero ser tradutor
Acabei de ver mais uma tradução analfabeta: "Kgs.", na legendagem do make of do Pocahontas. Só há um animal capaz de dar três erros num símbolo de duas letras: as bestas quadradas alienígenas esclerosadas dos tradutores portugueses. E eu, como gostava de ser tradutor! Mas como se chega a tradutor, neste país?
Bem, três erros numa 'palavra' de duas letras, palavra que mais vulgar não há, é demais. Cá vai:
O sistema de unidades legal, em Portugal, é o Sistema Internacional de Unidades, SI.
O SI tem sete unidades de base. Eis os seus nomes:
metro
quilograma
segundo
ampere
candela
kelvin
mole
São substantivos comuns. Um metro. Três candelas. Duzentos kelvins.
Têm símbolos. Os símbolos são inalteráveis. Não têm plural, não levam pontinhos nem coisa nenhuma. Alguns símbolos são apenas uma letra, outros são várias, há símbolos de letras minúsculas, há símbolos de letra maiúscula. São estes os símbolos:
m
kg
s
A
cd
K
mol
Escrever Kgs. é dar três erros:
Bem, três erros numa 'palavra' de duas letras, palavra que mais vulgar não há, é demais. Cá vai:
O sistema de unidades legal, em Portugal, é o Sistema Internacional de Unidades, SI.
O SI tem sete unidades de base. Eis os seus nomes:
metro
quilograma
segundo
ampere
candela
kelvin
mole
São substantivos comuns. Um metro. Três candelas. Duzentos kelvins.
Têm símbolos. Os símbolos são inalteráveis. Não têm plural, não levam pontinhos nem coisa nenhuma. Alguns símbolos são apenas uma letra, outros são várias, há símbolos de letras minúsculas, há símbolos de letra maiúscula. São estes os símbolos:
kg
s
A
cd
K
mol
Escrever Kgs. é dar três erros:
- O k é minúsculo, kg;
- O símbolo é inalterável, não muda nunca: 1 kg; 500 000 kg. Jamais Kgs. O s não faz parte.
- Se acima há pontos finais depois do símbolo, é porque calhou ser final de frase: os símbolos não levam pontinhos pois não são, de modo algum, abreviaturas. São símbolos.
Escrever: "3000 Kgs. de baldes de merda." não é normal.
- O símbolo é inalterável, não muda nunca: 1 kg; 500 000 kg. Jamais Kgs. O s não faz parte.
- Se acima há pontos finais depois do símbolo, é porque calhou ser final de frase: os símbolos não levam pontinhos pois não são, de modo algum, abreviaturas. São símbolos.
Escrever: "3000 Kgs. de baldes de merda." não é normal.
Os baldes, já sabem para quem são.
Friday, May 19, 2006
Assustador
(Acerca do artigo por Maria Filomena Mónica, na revista Pública, nº 518)
É assustador, terrivelmente assustador, que se louve, como extraordinário, um juiz por acreditar na presunção de inocência.
Assustador.
In Dubio Pro Reo
É assustador, terrivelmente assustador, que se louve, como extraordinário, um juiz por acreditar na presunção de inocência.
Assustador.
In Dubio Pro Reo
Thursday, May 18, 2006
Monday, May 15, 2006
Lengalenga de adormecer meninas
A menina
é pequenina
é rechonchuda
está a crescer
quer é dormir
dormir dormir
depois comer
comer comer
é a menina
é pequenina
é rechonchuda
está a dormir
dormir dormir
comer comer
dormir dormir
crescer crescer
é a menina
que pequenina!
a adormecer.
é pequenina
é rechonchuda
está a crescer
quer é dormir
dormir dormir
depois comer
comer comer
é a menina
é pequenina
é rechonchuda
está a dormir
dormir dormir
comer comer
dormir dormir
crescer crescer
é a menina
que pequenina!
a adormecer.
Doutores Analfabetos
Um dos problemas fundamentais da sociedade de hoje é o facto de as ideias não valerem por si mesmas mas sim pelas circunstâncias em que são expressas. Importa quem as declara e donde o faz. O que se diz é secundário. Mal-afortunada sociedade que tais estúpidos comportamentos adquire.
Já houve um tempo no qual era o que se dizia que contava. Podia ser-se um esfarrapado asceta, podia viver-se numa pipa e ser-se o maior dos doidivanas: se se dissessem coisas acertadas elas eram ouvidas e levadas em consideração. As ideias exprimidas tinham valor próprio, não um valor pré-estabelecido condicionado ao estatuto ou posição do seu autor.
Hoje não. Pode dizer-se a maior idiotice e ela será respeitada se o seu emissor cumprir os critérios em voga de quem ou donde.
Pode ter-se acabado de dizer uma verdade insofismável: sem a devida embalagem, será desprezada por todos (Será uma questão de marketing? Será que o sonho do marketing em que a embalagem vale mais do que o produto, está finalmente cumprido?). Pode expor-se a mais sensata conclusão: ninguém a ouvirá se não tiver sido enunciada do alto de uma qualquer cátedra ou sob a protecção de um qualquer fardamento.
As pessoas, inconscientemente habituadas a serem conduzidas por forças superiores, destituíram o seu próprio juízo de valores. Automaticamente (para usar uma das palavras preferidas pela mesmerizada populaça) se aceita ou não o que quer que se ouça, se cumpridos esses critérios de estatuto social.
Se vêm de alguém com algum tipo de título ou de um canal supostamente responsável, as ideias são aceites, mais ou menos dogmaticamente, as contas são tidas por boas, as intenções, por mais banais, erradas e grotescas que forem, supostas as melhores. Ora, disto é o que não falta por aí. É esta abundância de doutores analfabetos, incessantemente a debitar barbaridades do alto das suas cátedras de papelão que me inspira estas linhas.
O facto de hoje, ser imperativo ter atenção às fontes (dado que se encontram sob a mesma aparência e lado a lado, as maiores idiotices e os melhores discernimentos, e dado ainda que o mundo continua cheio de burlões, uma triste mas indiscutível realidade) deve ser encarado como um incentivo ao uso do juízo próprio, não há sua renúncia.
As maiores patetices têm hoje de facto a mesma aparência do que as ideias mais profundas e não nego que nunca teve de se ser tão cuidadoso nas avaliações que se fazem. Mas o trabalho não é assim tanto que valha a pena abdicar do nosso discernimento. Uma vez avaliadas humildemente as nossas competências, estaremos habilitados a julgar tudo o que se nos vai deparando. Um passo gigantesco em direcção à Cidadania.
Atenção, o processo deve continuar dentro das escolhas que se vão fazendo, pois o facto, por exemplo, de se estar a ler um jornal já seleccionado, não deve de modo algum fazer-nos desligar a avaliação crítica do que nele lemos. A atitude avaliadora deve estar sempre presente, página a página, parágrafo a parágrafo. No meio do bom está frequentemente o mau; no meio do mau inesperadamente se pode encontrar o bom. Muitas vezes, ao lado da página de astrologia e dos anúncios do Prof. Caramba, está informação correcta, útil, válida. E vice-versa.
Parece difícil? Um desmesurado esforço intelectual? Nem pensem: basta desligar o automático estupidificante e preferir o normal bom senso. Não há esforço algum em jogo e o proveito, creiam-me, é grande.
Ao renunciarmos a escolher, ao optarmos por critérios automáticos, além de estarmos a ser servis e a sujeitar-nos a ser alunos de uma escola disparatada, estamos a abdicar pecaminosamente da nossa inteligência, estamos a ser cegos por não querermos ver. Cometemos a asneira crassa de estamos a impor uma certa infalibilidade a outrem. Toda a infalibilidade que o mundo precisa está a cargo do Papa, não faz falta mais nenhuma.
Toda a gente faz asneiras, quanto mais dizê-las. Ora, do direito a dizer asneiras, ninguém deve ser privado (se isto não está na Constituição, devia estar!).
Já do direito a consumi-las, devemos privarmo-nos a nós mesmos.
É fácil: basta escolher.
Já houve um tempo no qual era o que se dizia que contava. Podia ser-se um esfarrapado asceta, podia viver-se numa pipa e ser-se o maior dos doidivanas: se se dissessem coisas acertadas elas eram ouvidas e levadas em consideração. As ideias exprimidas tinham valor próprio, não um valor pré-estabelecido condicionado ao estatuto ou posição do seu autor.
Hoje não. Pode dizer-se a maior idiotice e ela será respeitada se o seu emissor cumprir os critérios em voga de quem ou donde.
Pode ter-se acabado de dizer uma verdade insofismável: sem a devida embalagem, será desprezada por todos (Será uma questão de marketing? Será que o sonho do marketing em que a embalagem vale mais do que o produto, está finalmente cumprido?). Pode expor-se a mais sensata conclusão: ninguém a ouvirá se não tiver sido enunciada do alto de uma qualquer cátedra ou sob a protecção de um qualquer fardamento.
As pessoas, inconscientemente habituadas a serem conduzidas por forças superiores, destituíram o seu próprio juízo de valores. Automaticamente (para usar uma das palavras preferidas pela mesmerizada populaça) se aceita ou não o que quer que se ouça, se cumpridos esses critérios de estatuto social.
Se vêm de alguém com algum tipo de título ou de um canal supostamente responsável, as ideias são aceites, mais ou menos dogmaticamente, as contas são tidas por boas, as intenções, por mais banais, erradas e grotescas que forem, supostas as melhores. Ora, disto é o que não falta por aí. É esta abundância de doutores analfabetos, incessantemente a debitar barbaridades do alto das suas cátedras de papelão que me inspira estas linhas.
O facto de hoje, ser imperativo ter atenção às fontes (dado que se encontram sob a mesma aparência e lado a lado, as maiores idiotices e os melhores discernimentos, e dado ainda que o mundo continua cheio de burlões, uma triste mas indiscutível realidade) deve ser encarado como um incentivo ao uso do juízo próprio, não há sua renúncia.
As maiores patetices têm hoje de facto a mesma aparência do que as ideias mais profundas e não nego que nunca teve de se ser tão cuidadoso nas avaliações que se fazem. Mas o trabalho não é assim tanto que valha a pena abdicar do nosso discernimento. Uma vez avaliadas humildemente as nossas competências, estaremos habilitados a julgar tudo o que se nos vai deparando. Um passo gigantesco em direcção à Cidadania.
Atenção, o processo deve continuar dentro das escolhas que se vão fazendo, pois o facto, por exemplo, de se estar a ler um jornal já seleccionado, não deve de modo algum fazer-nos desligar a avaliação crítica do que nele lemos. A atitude avaliadora deve estar sempre presente, página a página, parágrafo a parágrafo. No meio do bom está frequentemente o mau; no meio do mau inesperadamente se pode encontrar o bom. Muitas vezes, ao lado da página de astrologia e dos anúncios do Prof. Caramba, está informação correcta, útil, válida. E vice-versa.
Parece difícil? Um desmesurado esforço intelectual? Nem pensem: basta desligar o automático estupidificante e preferir o normal bom senso. Não há esforço algum em jogo e o proveito, creiam-me, é grande.
Ao renunciarmos a escolher, ao optarmos por critérios automáticos, além de estarmos a ser servis e a sujeitar-nos a ser alunos de uma escola disparatada, estamos a abdicar pecaminosamente da nossa inteligência, estamos a ser cegos por não querermos ver. Cometemos a asneira crassa de estamos a impor uma certa infalibilidade a outrem. Toda a infalibilidade que o mundo precisa está a cargo do Papa, não faz falta mais nenhuma.
Toda a gente faz asneiras, quanto mais dizê-las. Ora, do direito a dizer asneiras, ninguém deve ser privado (se isto não está na Constituição, devia estar!).
Já do direito a consumi-las, devemos privarmo-nos a nós mesmos.
É fácil: basta escolher.
Bem-vindo
Sou dos que manda comentários (em média, 3 por dia) a corrigir as várias formas incorrectas da palavra hifenizada "bem-vindo".
A este ritmo e com a ajuda de outros malucos como eu, dentro de 16 meses não haverá nenhum benvindo ou assim, a não ser nos cartazes de Mirandela que apareçam no "Portugal em directo", da (RTP)2:.
Semi-país
"Agora que estou num momento de semi-viragem na minha vida, resolvi fazer renascer o meu bloguinho!"
Acabei de ler a frase acima num blogue. Fez-me recordar nostalgicamente a máquina que havia num café dos meus tempos de adolescência, na qual, certo dia, se podia ler um eloquentíssimo aviso: Semi-avariada.
Era uma risada desesperante! O significado do primitivo aviso era, para nós, claro: Se uma vez metida a moeda, nada acontecesse, adeus moeda e fim da história. O dono lavava assim as mãos do assunto: ficavamos avisados; a decisão era nossa.
Mas triste é ver que este extravagante conceito faz parte da cultura deste semi-país: ainda se usa a torto e a direito (razões para isso não faltam) e ninguém tem a menor dificuldade em decifrar imediatamente o seu significado. Por exemplo:
-Na ilha da Madeira vive-se em semi-democracia.
-Com 50,54 %, Cavaco teve uma semi-maioria.
-Portugal é um país semi-europeu.
-Os homens portugueses andam semi-avariados: em casa são uns bêbedos ou chatos; com as brasileiras são um garanhões joviais.
-vende-se carro semi-novo.
-As revistas "para homens" portuguesas, semi-pornográficas (as senhoras que lá se vendem são semi-putas)
.
.
Alguém tem dúvidas?
Acabei de ler a frase acima num blogue. Fez-me recordar nostalgicamente a máquina que havia num café dos meus tempos de adolescência, na qual, certo dia, se podia ler um eloquentíssimo aviso: Semi-avariada.
Era uma risada desesperante! O significado do primitivo aviso era, para nós, claro: Se uma vez metida a moeda, nada acontecesse, adeus moeda e fim da história. O dono lavava assim as mãos do assunto: ficavamos avisados; a decisão era nossa.
Mas triste é ver que este extravagante conceito faz parte da cultura deste semi-país: ainda se usa a torto e a direito (razões para isso não faltam) e ninguém tem a menor dificuldade em decifrar imediatamente o seu significado. Por exemplo:
-Na ilha da Madeira vive-se em semi-democracia.
-Com 50,54 %, Cavaco teve uma semi-maioria.
-Portugal é um país semi-europeu.
-Os homens portugueses andam semi-avariados: em casa são uns bêbedos ou chatos; com as brasileiras são um garanhões joviais.
-vende-se carro semi-novo.
-As revistas "para homens" portuguesas, semi-pornográficas (as senhoras que lá se vendem são semi-putas)
.
.
Alguém tem dúvidas?
Thursday, May 11, 2006
Enologia
Accelerating the Aging of Wine and Liquor:
This is a new one to us, but apparently, some people swear that exposing wine or liquor to strong magnetic fields accelerates the aging process. We have even seen commercial units being sold that contained our neodymium magnets. We have not experimented with this yet, but you may want to. Please drink responsibly.
Monday, May 8, 2006
Sunday, May 7, 2006
Objectividade
J. B. S. Haldane, tendo sido questionado por um clérigo sobre o que se poderia dizer acerca do Criador através do estudo da Sua Obra, respondeu:
"É certo que tem um desmedido amor pelos coleópteros."
"É certo que tem um desmedido amor pelos coleópteros."
Outlet
escritos pré-presidenciais 2006. Em saldo.
Advogado
O que leva o presidente do partido mais democrático português – o PCTP/MRPP – a apoiar uma virtual candidatura de Freitas?
Há os fanáticos, os assumidos, os independentes, os indecisos... e depois há Freitas que ninguém, nem ele mesmo, sabe o que é. Foi fundador e dirigente do partido onde os fascistoides se recolhiam, urdiu a AD, tornou-se independente, livre do peso dos ideais subiu ao cume e agora tranquilamente conspira com os socialistas e é apoiado pelo dirigente do MRPP. Que se passa, Garcia Pereira?
O prémio para quem adivinhar em quem Freitas votará, se é que vai votar, é chorudo.
Lírico
Alegre, o homem que toda a vida viveu de ser socialista e que não o é; que é poeta e não político; que é político – perdão, dirigente político – e não poeta; que confunde o ano em que nasceu com a idade que tem, (este macho portentoso está nitidamente convencido que tem 40 anos); que fala em pátria como um fascista mas foi torturado por eles; que se diz um cidadão do mundo, mas que é de Coimbra e não viveria sem fronteiras nem “soberania nacional” e muito menos sem exército (que pensará Alegre sobre a desmilitarizada Costa Rica, à luz da Poesia?); que se levanta contra os que supostamente defende apoiado pelos que sempre soube atacar; que dormirá como um bebé debaixo da asa negra de Cavaco, mas que se sente acossado pelas atitudes traidoras e vis dos seus camaradas; que confia, mas desconfia; que sim, mas não; que não, mas sim; que é tal e qual o Susto dos Mini-Robots da RTP2; tal e qual; o poeta cujas musas adormeceram permitindo que o vexame, a vingança e a vaidade despertassem...
Como poeta, Alegre anda a fingir que finge o fingimento deveras fingido. Como político anda a contracenar.
Como entender que o partido socialista continue a deixar sugar-se por Alegre? Há limites para tudo, até para a magnanimidade. Já o estou a ver, depois das eleições, vigariamente sentado no seu lugar, esforçadamente à espera do seu salário socialista. Hó, dinheiro mal empregado!
Hó, grande Alegre, quem te compreendesse na tua incompreensível grandeza!
(a lenga-lenga pode continuar: tem um partido que não é um partido, é um movimento; tem, mas não tem: não pertence a esse movimento...)
Mau professor
Eu, na minha criancice, odeio mais que tudo a desilusão.
Mário Soares desiludiu-me: Sempre defendeu que o povo é sábio.
Eu nunca gostei de multidões. Desprezei sempre as vontades da populaça. Vi sempre, no povo, ignorância e animalidade, até, mas quis aprender que a burrice era minha e acabei por aceitar como certo e bom o ensinamento de Mário Soares de que o povo é sempre profundamente sábio. As provas eram suficientes, o professor qualificado. Destituí o meu juízo e acatei o de Soares.
Fiz mal. O povo, não posso acreditar, prepara-se para eleger como presidente da República, uma avantesma. Ao que parece, sou o único a ter a certeza que não é possível que Cavaco ganhe. E tenho-a porque aprendi que o povo é sábio. Se me desiludir, odiarei Mário Soares.
(Para mim, se Cavaco ganhar, que não ganha, será o equivalente a emigrar: passarei a viver num país que me é estranho.)
Outras Actividades
Toda a gente acredita que o Bloco de Esquerda é um partido. Parece que afinal é apenas um hobby de Louçã. Louçã continua, com paixão amadora, sozinho a fazer o que gosta. O facto de o partido já ter raízes, deputados em todo o lado, com perspectivas de continuar a crescer, nada disso o perturba e lá anda ele, como sempre, só, feliz, a batalhar entusiasticamente por uns ideais que no fundo, no fundo, não quer. (Louçã é um supernormal, bem sucedido burguês e pai de família. Está no fundo da lista dos que anseiam por mudanças. Parabéns.)
Interessa-lhe o que faz, o que os outros fazem interessa-lhe pouco: encara como “liberdade individual” e deixa fazer. No seu curriculum, “dirigente do BE; deputado”, aparece em “outras actividades”.
Assim sendo, já que ultrapassou a dimensão de seita e muito mais a de projecto individual, o BE está em vias de se desmoronar por falta de alicerces e retomar a dimensão natural: Louçã. Essa previsível derrocada será como o são as derrocadas: instantânea e irreversível.
Quem é a quela senhora deputada que também ganha à pala do BE e não apoiou o Louçã? Só visto! Só visto!
Escrúpulos.
Advogado
O que leva o presidente do partido mais democrático português – o PCTP/MRPP – a apoiar uma virtual candidatura de Freitas?
Há os fanáticos, os assumidos, os independentes, os indecisos... e depois há Freitas que ninguém, nem ele mesmo, sabe o que é. Foi fundador e dirigente do partido onde os fascistoides se recolhiam, urdiu a AD, tornou-se independente, livre do peso dos ideais subiu ao cume e agora tranquilamente conspira com os socialistas e é apoiado pelo dirigente do MRPP. Que se passa, Garcia Pereira?
O prémio para quem adivinhar em quem Freitas votará, se é que vai votar, é chorudo.
Lírico
Alegre, o homem que toda a vida viveu de ser socialista e que não o é; que é poeta e não político; que é político – perdão, dirigente político – e não poeta; que confunde o ano em que nasceu com a idade que tem, (este macho portentoso está nitidamente convencido que tem 40 anos); que fala em pátria como um fascista mas foi torturado por eles; que se diz um cidadão do mundo, mas que é de Coimbra e não viveria sem fronteiras nem “soberania nacional” e muito menos sem exército (que pensará Alegre sobre a desmilitarizada Costa Rica, à luz da Poesia?); que se levanta contra os que supostamente defende apoiado pelos que sempre soube atacar; que dormirá como um bebé debaixo da asa negra de Cavaco, mas que se sente acossado pelas atitudes traidoras e vis dos seus camaradas; que confia, mas desconfia; que sim, mas não; que não, mas sim; que é tal e qual o Susto dos Mini-Robots da RTP2; tal e qual; o poeta cujas musas adormeceram permitindo que o vexame, a vingança e a vaidade despertassem...
Como poeta, Alegre anda a fingir que finge o fingimento deveras fingido. Como político anda a contracenar.
Como entender que o partido socialista continue a deixar sugar-se por Alegre? Há limites para tudo, até para a magnanimidade. Já o estou a ver, depois das eleições, vigariamente sentado no seu lugar, esforçadamente à espera do seu salário socialista. Hó, dinheiro mal empregado!
Hó, grande Alegre, quem te compreendesse na tua incompreensível grandeza!
(a lenga-lenga pode continuar: tem um partido que não é um partido, é um movimento; tem, mas não tem: não pertence a esse movimento...)
Mau professor
Eu, na minha criancice, odeio mais que tudo a desilusão.
Mário Soares desiludiu-me: Sempre defendeu que o povo é sábio.
Eu nunca gostei de multidões. Desprezei sempre as vontades da populaça. Vi sempre, no povo, ignorância e animalidade, até, mas quis aprender que a burrice era minha e acabei por aceitar como certo e bom o ensinamento de Mário Soares de que o povo é sempre profundamente sábio. As provas eram suficientes, o professor qualificado. Destituí o meu juízo e acatei o de Soares.
Fiz mal. O povo, não posso acreditar, prepara-se para eleger como presidente da República, uma avantesma. Ao que parece, sou o único a ter a certeza que não é possível que Cavaco ganhe. E tenho-a porque aprendi que o povo é sábio. Se me desiludir, odiarei Mário Soares.
(Para mim, se Cavaco ganhar, que não ganha, será o equivalente a emigrar: passarei a viver num país que me é estranho.)
Outras Actividades
Toda a gente acredita que o Bloco de Esquerda é um partido. Parece que afinal é apenas um hobby de Louçã. Louçã continua, com paixão amadora, sozinho a fazer o que gosta. O facto de o partido já ter raízes, deputados em todo o lado, com perspectivas de continuar a crescer, nada disso o perturba e lá anda ele, como sempre, só, feliz, a batalhar entusiasticamente por uns ideais que no fundo, no fundo, não quer. (Louçã é um supernormal, bem sucedido burguês e pai de família. Está no fundo da lista dos que anseiam por mudanças. Parabéns.)
Interessa-lhe o que faz, o que os outros fazem interessa-lhe pouco: encara como “liberdade individual” e deixa fazer. No seu curriculum, “dirigente do BE; deputado”, aparece em “outras actividades”.
Assim sendo, já que ultrapassou a dimensão de seita e muito mais a de projecto individual, o BE está em vias de se desmoronar por falta de alicerces e retomar a dimensão natural: Louçã. Essa previsível derrocada será como o são as derrocadas: instantânea e irreversível.
Quem é a quela senhora deputada que também ganha à pala do BE e não apoiou o Louçã? Só visto! Só visto!
Escrúpulos.
Redondilha
MOTE
Dinheiro foge de mim
como se eu fosse o diabo
e leva o Amor pelo rabo
deixando-me só no fim
VOLTAS
Reconheço: não sei querer
e não sou determinado
pois falta-me ser amado
e sinto-me sempre a morrer.
Sem erros a absolver
eis-me no pico da dor
sem dinheiro nem amor.
Foge de mim o dinheiro
e, claro, estou sozinho
sem amigo nem vizinho
muito menos companheiro,
da má-sorte marinheiro
vou, à vela, derivando,
vou prostrado, vou chorando.
Foge, o dinheiro, de mim
como o diabo da Cruz,
deixando-me cego, sem luz,
a enfrentar o meu fim;
derrotado, ainda assim,
suportaria esta dor
tivera ao menos Amor.
Dinheiro foge de mim
como se eu fosse o diabo
e leva o Amor pelo rabo
deixando-me só no fim
VOLTAS
Reconheço: não sei querer
e não sou determinado
pois falta-me ser amado
e sinto-me sempre a morrer.
Sem erros a absolver
eis-me no pico da dor
sem dinheiro nem amor.
Foge de mim o dinheiro
e, claro, estou sozinho
sem amigo nem vizinho
muito menos companheiro,
da má-sorte marinheiro
vou, à vela, derivando,
vou prostrado, vou chorando.
Foge, o dinheiro, de mim
como o diabo da Cruz,
deixando-me cego, sem luz,
a enfrentar o meu fim;
derrotado, ainda assim,
suportaria esta dor
tivera ao menos Amor.
:-)
Olé!
Depois de me terem sido dados a conhecer os temas que o poeta AMR abraça para gerar os seus perturbadores e lastimáveis versos (ver "Estranho Silêncio (1)" - e todas as outras crónicas do fantástico RAP) e tendo sabido que foram os espanhóis os inventores da esfregona, dei por mim a cismar neste esguio objecto. (do mal o menos: podia-me ter dado para bidés.)
Deixo aqui as minhas congeminações.
A primeira coisa que atrai a minha enevoada atenção é a expressão os espanhóis. Não me parece uma objectiva descrição da realidade. O facto de um qualquer Manolo, inspirado sabe-se lá por que estranha musa, (sim, porque como o demonstram estas linhas, a inspiração pode ser bem caprichosa) ter concebido tal genialidade, não deve espalhar a culpa por toda a Espanha, mesmo gozando Manolo da cidadania espanhola. Talvez o génio nem gostasse de ser espanhol. Talvez desejasse, como a maior parte dos portugueses de mente sã, ter nascido noutro país, na Nova Zelândia, por exemplo. Bem, não se deve dizer os espanhóis. É uma generalidade excessiva. Para lá de que, assim, se garante um totalíssimo anonimato que Manolo talvez não desejasse. Talvez não só maldissesse o seu país como também ansiasse pela fama, coisa vulgar em gente moderna, sendo-lhe esta, assim, se bem que merecida, cruelmente roubada.
Mas mais ideias me atormentam: Terá sido um homem? Pessoalmente ficaria mais tranquilo se tivesse sido uma mulher. A mulher de Manolo. Isso! Pode bem ter sido. Se calhar, depois de ter tido a útil ideia, decidiu doar os créditos do feito ao marido e garantir assim, segundo acreditaria ela, que jamais sofreria maus tratos, tamanho o sentimento de dívida que Manolo, então, carregaria. Todos sabemos que os espanhóis são dados a espancar as esposas (Não os critiquemos levianamente: no lugar deles que faríamos nós?!), daí não seria de todo estranho este altruísta gesto da senhora.
Continuando o meu raciocínio: as espanholas, muito compreensivelmente, são dadas a não 'dar razões' aos irascíveis maridos e, consequentemente, muito atreitas a limpezas profundas e frequentes. Disso resultam, inevitavelmente, por deficiente conhecimento das extensivas regras de Higiene, Saúde e Segurança do Trabalho, mazelas físicas. A necessidade é muito engenhosa. Daí que, para colmatar as suas maleitas mas continuando a limpar eficazmente, a mulher de Manolo tenha engendrado a esfregona. Não quero parecer o Prof. Hermano mas assim parece-me que a história fica melhor.
Acresce que, se tivesse sido de facto um homem - coisa que eu, já deixei bem claro, rejeito por inverosímil - que dizer das preocupações dos machos espanhóis? Que raio de hombre se preocupa em arranjar maneira de limpar mais facilmente o chão? Não, o homem espanhol tem outras preocupações: trazer a rédea curta à mulher, como já vimos, os toros, a independência da sua região e todo um sortido de festas tradicionais aberrantes que só por si o deixam, geralmente, ocupado por todo o ano - a curar mazelas, em reconstruções e nos preparos da próxima. Não, decididamente o homem espanhol não tem na sua lista de prioridades "arranjar maneira de limpar o chão sem ter de andar de cu prò ar".
Boa! Esta frase fortuita realça outro forte indício de que o assunto é feminino. Notem, se fazem favor, a expressão "de cu prò ar". Já estão a ver. As pobres senoritas, além do infame trabalho, ainda tinham, muitas vezes, de aturar umas investidas dos seus hombres, motivados pela convidativa posição. Isso sim, faz parte daquilo que se espera, e se coaduna, do homem espanhol. Mui macho! Além disso...
Depois de me terem sido dados a conhecer os temas que o poeta AMR abraça para gerar os seus perturbadores e lastimáveis versos (ver "Estranho Silêncio (1)" - e todas as outras crónicas do fantástico RAP) e tendo sabido que foram os espanhóis os inventores da esfregona, dei por mim a cismar neste esguio objecto. (do mal o menos: podia-me ter dado para bidés.)
Deixo aqui as minhas congeminações.
A primeira coisa que atrai a minha enevoada atenção é a expressão os espanhóis. Não me parece uma objectiva descrição da realidade. O facto de um qualquer Manolo, inspirado sabe-se lá por que estranha musa, (sim, porque como o demonstram estas linhas, a inspiração pode ser bem caprichosa) ter concebido tal genialidade, não deve espalhar a culpa por toda a Espanha, mesmo gozando Manolo da cidadania espanhola. Talvez o génio nem gostasse de ser espanhol. Talvez desejasse, como a maior parte dos portugueses de mente sã, ter nascido noutro país, na Nova Zelândia, por exemplo. Bem, não se deve dizer os espanhóis. É uma generalidade excessiva. Para lá de que, assim, se garante um totalíssimo anonimato que Manolo talvez não desejasse. Talvez não só maldissesse o seu país como também ansiasse pela fama, coisa vulgar em gente moderna, sendo-lhe esta, assim, se bem que merecida, cruelmente roubada.
Mas mais ideias me atormentam: Terá sido um homem? Pessoalmente ficaria mais tranquilo se tivesse sido uma mulher. A mulher de Manolo. Isso! Pode bem ter sido. Se calhar, depois de ter tido a útil ideia, decidiu doar os créditos do feito ao marido e garantir assim, segundo acreditaria ela, que jamais sofreria maus tratos, tamanho o sentimento de dívida que Manolo, então, carregaria. Todos sabemos que os espanhóis são dados a espancar as esposas (Não os critiquemos levianamente: no lugar deles que faríamos nós?!), daí não seria de todo estranho este altruísta gesto da senhora.
Continuando o meu raciocínio: as espanholas, muito compreensivelmente, são dadas a não 'dar razões' aos irascíveis maridos e, consequentemente, muito atreitas a limpezas profundas e frequentes. Disso resultam, inevitavelmente, por deficiente conhecimento das extensivas regras de Higiene, Saúde e Segurança do Trabalho, mazelas físicas. A necessidade é muito engenhosa. Daí que, para colmatar as suas maleitas mas continuando a limpar eficazmente, a mulher de Manolo tenha engendrado a esfregona. Não quero parecer o Prof. Hermano mas assim parece-me que a história fica melhor.
Acresce que, se tivesse sido de facto um homem - coisa que eu, já deixei bem claro, rejeito por inverosímil - que dizer das preocupações dos machos espanhóis? Que raio de hombre se preocupa em arranjar maneira de limpar mais facilmente o chão? Não, o homem espanhol tem outras preocupações: trazer a rédea curta à mulher, como já vimos, os toros, a independência da sua região e todo um sortido de festas tradicionais aberrantes que só por si o deixam, geralmente, ocupado por todo o ano - a curar mazelas, em reconstruções e nos preparos da próxima. Não, decididamente o homem espanhol não tem na sua lista de prioridades "arranjar maneira de limpar o chão sem ter de andar de cu prò ar".
Boa! Esta frase fortuita realça outro forte indício de que o assunto é feminino. Notem, se fazem favor, a expressão "de cu prò ar". Já estão a ver. As pobres senoritas, além do infame trabalho, ainda tinham, muitas vezes, de aturar umas investidas dos seus hombres, motivados pela convidativa posição. Isso sim, faz parte daquilo que se espera, e se coaduna, do homem espanhol. Mui macho! Além disso...
Friday, May 5, 2006
Wednesday, May 3, 2006
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